Opinião: Sentido reconhecimento

Recém-chegada ao AEB, gostaria de escrever um artigo que homenageasse os professores Idalina Reis, João Carvalho, Fátima Gaspar, Fátima Ribeiro e Ofélia Carreira, aposentados durante este ano letivo.

Inicialmente, pareceu-me uma tarefa fácil, porém, ao iniciar o rascunho, surgiu-me um conjunto de perguntas: “O que escrever sobre os colegas que cumpriram, durante tantos anos, a função de ensinar crianças e jovens, auxiliando, nalgumas situações (se calhar, até muitas) as suas famílias? Que acompanharam as inúmeras e diversas mudanças do currículo, das direções, da conceção ensino-aprendizagem, as quais os obrigaram a uma árdua atualização, que jamais se conseguirá atingir integralmente tal é a constância e a rapidez com que as alterações ocorrem no mundo e na escola? Muda-se de escola, de procedimentos, de pessoas, de conceitos, de políticas educativas, e eles sempre lá, na sala de aula, na escola. Professores que foram os alicerces da criação de várias gerações que promoveram (e ainda promovem) a evolução técnica, artística e científica da região e do país”.

Concluí que não era uma homenagem que eu deveria escrever, mas a gratidão e o reconhecimento, pois não pertencemos à mesma geração. No entanto, foram professores da vossa geração que me permitiram adquirir as aprendizagens e desenvolver as competências para ser o que sou hoje, profissional e, em parte, pessoalmente. E, como eu, tantos outros da minha e de outras gerações.

Sinto-me grata por poder registar, neste artigo, o merecido reconhecimento pelo vosso trabalho, nestes longos anos, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto; por terem acompanhado os alunos, todos os elementos da comunidade educativa e a evolução da nossa escola, com resiliência e ânimo, esperança e empenho, perseverança e lealdade, numa caminhada nem sempre simples, antes com apreensões, dificuldades e sacrifício da própria vida pessoal.

Que este “fim de carreira” seja “um novo princípio”, em que se celebrem as alegrias e os sucessos, vividos ao longo da vossa carreira, tendo em mente uma bela lição de Herberto Helder, em “Paixão grega”: recordando a cultura helénica, o poeta insiste numa pergunta quando alguém atinge uma fase avançada da sua existência: “tinha paixão?”.

Quem dedicou uma vida à nobre tarefa do ensino não o fez certamente sem uma dose de paixão, num caminho que exige entrega ilimitada e sem reservas. Daí, o nosso sentido reconhecimento.


Professora Anabela Brás